quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Foi tudo por água abaixo

Literalmente.

Por motivos mais do que óbvios, o show do Baixo e Voz em Blumenau e região foi cancelado. Se você não imagina por quê, acesse allesblau.net.

As últimas postagens estavam programadas. Por isso pousaram aqui tão suavemente no meio do mais absoluto caos.

Estou com certa dificuldade de conexão e com muita, muita coisa pra fazer por aqui (entre trabalho, distribuição de alimentos, limpeza de casas, retirada de lodo e destroços das casas de muitos amigos...). Portanto, o blog funcionará de forma precária nos próximos dias ou semanas. Sei lá.

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Agradeço ao Sérgio e a Marivone (e a pequena e incansável Dora) pela paciência, esforço, bom humor e bom coração nos dias em que permaneceram ilhados por aqui (talvez ainda estejam ilhados na praia - abandonei-os lá e voltei pro caos de Blumenau).

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Quem sabe ano que vem a gente consegue fazer um showzinho bacana por aqui.

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Mais informações, quando Deus quiser.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

O poeta e o lógico

"O poeta pede para colocar sua cabeça nos céus.
É o lógico quem busca colocar os céus na cabeça.
E é a sua cabeça que racha."
Chesterton em 'Ortodoxia'.


Ainda que muita gente boa tenha suado a camisa para tornar a fé lógica, e ainda que muitos tenham obtido relativo sucesso na empreitada (basta conhecer alguns livros de C. S. Lewis como "Cristianismo Puro e Simples" e "Milagres"), é definitivamente a poesia e a arte que melhor podem nos aproximar daquilo que chamamos de 'divino'.

Ainda que os teólogos se desbobrem em suas sistematizações, e ainda que obtenham algum sucesso nesse árduo trabalho, jamais chegarão tão perto do Eterno quanto nos pode levar a música.

Já escrevi sobre os textos que mais me influenciaram no trecho mais recente da trilha que venho, aos trancos e barrancos, tentando percorrer. A lista precisa ser atualiza, por certo, porque já li outras coisas incríveis desde o último relato. Mas recentemente, influenciado pela prosa, percebi que faltava na minha lista poesia. Assim como descobri vida inteligente na prosa cristã, preciso espalhar a boa nova de que existe sensibilidade e criatividade na poesia desse país lamentavelmente gospelizado. É preciso compartilhar os lampejos de luz que irradiam de poetas sensíveis no meio da densa treva dos ministérios de louvor e seus mantras nauseantes.


Aos poucos queremos mostras essa gente, sua música e poesia, aqui no blog. Vamos ver até onde vamos.


Compilação de texto original do blog A TRILHA

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Tá chegando

Tá chegando o dia!

sábado, 22 de novembro de 2008

Viciados em Mediocridade 1

1º dia - 7/11
Com João Alexandre, Sérgio Pavarini (entrevistador) e Taís Machado.

Veja como foi.


Sobre o Fórum.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Sapato velho

Sapato Velho





Turnê Baixo e Voz em novembro.
Veja onde os caras vão tocar.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Novo Rumo


Os alimentos recolhidos no show serão destinados à Casa de Recuperação Novo Rumo, em Gaspar.


Dentro de um pequeno vale no bairro Arraial Baixo, cercada por mata nativa e muita tranqüilidade está a Casa de Recuperação Novo Rumo. Um lugar onde centenas de pessoas já conseguiram encontrar uma saída para o problema da dependência química, dando um "novo rumo" às suas vidas. O administrador da estrutura, Gert Ingo Hausmann conta que a casa é uma instituição completamente independente, não apresentando vínculo com qualquer entidade, seja religiosa ou pública.


Quem quiser contribuir com a entidade ou mesma precisa de ajuda para se livar do vício, o telefone para contato é (47) 9909-5637

Fonte: Jornal Metas



Você pode saber mais sobre a Novo Rumo no:
Jornal Metas
Jornal O Caminho

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Naquele dia

A tal da "música gospel" segue cada vez mais intragável. Uma sequência de mantras entorpecentes de pobreza rítmica, melódica e poética de dar náuseas. Li, no subversivo site do Caio Fábio, uma frase que diz tudo:
Naquele dia Ele dirá: Nunca ouvi musica Gospel!

E sabe-se lá tudo o mais que Ele dirá naquele dia.


Postado originalmente no blog A TRILHA.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Carnaval do crente

O assunto da aula era o carnaval. A disciplina, Cultura Brasileira. A turma debatia sobre os efeitos benéficos e perniciosos da grande festa popular nacional na sociedade. Eu me lembrei daquele sambinha meio bossa do Tom e pensei quase sem querer numa paródia evangélica para a canção. Ficaria assim:

A felicidade do crente parece
A grande ilusão dominical
A gente trabalha a semana inteira
Por um momento de sonho
Pra viver a fantasia
De pastor, diácono ou obreira
E tudo se acabar segunda-feira


Olha só o próprio Tom cantando com a Banda Nova (voz de Danilo Caymmi) em Montreal, 1986 (obviamente a versão original, e não a minha):

A felicidade

Tristeza não tem fim
Felicidade sim...

A felicidade é como a pluma
Que o vento vai levando pelo ar
Voa tão leve
Mas tem a vida breve
Precisa que haja vento sem parar

A felicidade do pobre parece
A grande ilusão do carnaval
A gente trabalha o ano inteiro
Por um momento de sonho
Pra fazer a fantasia
De rei, ou de pirata, ou jardineira
E tudo se acabar na quarta-feira

Tristeza não tem fim
Felicidade sim...

A felicidade é como a gota
De orvalho numa pétala de flor
Brilha tranquila
Depois de leve oscila
E cai como uma lágrima de amor

A minha felicidade está sonhando
Nos olhos de minha namorada
É como esta noite
Passando, passando
Em busca da madrugada
Falem baixo por favor...

Pra que ela acorde alegre como o dia
Oferecendo beijos de amor

Tristeza não tem fimFelicidade sim...


Publicado originalmente no blog A TRILHA.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Estar

Ao longo da história do cristianismo, a música sempre refletiu a teologia do seu tempo. Nos tempos do cristianismo bélico da reforma, um belo hino que se cantava tinha essa piedosa estrofe:

"Somos os poucos eleitos do Senhor
Que todos os outros sejam condenados
Há espaço suficiente para você no inferno
Não queremos um céu abarrotado"

Estrofe de um hino batista calvinista
[Timothy George - Teologia dos Reformadores - 1994 - pg 231]


Hoje em dia, se você entrar em uma livraria evangélica e dedicar uma pequena fatia do seu precioso tempo para escutar os CDs mais vendidos (peça ao vendedor que os indique), poderá perceber, não sei se rindo ou chorando, o que está rolando por aí.

Até mesmo boas músicas são, graças ao imaginário popular, alvo de interpretações negativas. Um bom exemplo é a frase de uma interessante canção que diz: “meu maior desejo é estar onde Jesus está”. A frase tem seu valor. Pode sim, ser encarada com nobreza. O problema está na definição e conotação. No imaginário popular cristão, estar onde Jesus está é "estar na igreja", no encontro, na campanha, no mover, na visão. O símbolo maior da presença do Cristo ressurreto é o torpor do corpo que vibra em um êxtase de emoções descontroladas, no meio das músicas/mantras cristãos que alimentam a congregação.

Mas esse dificilmente seria um lugar onde Cristo estaria. Pelo menos não parece o tipo de lugar que ele freqüentou em carne e osso.

Na verdade, a proposta de Jesus foi outra. Ele não queria que nós estivéssemos onde ele está, mas que ele estivesse onde nós estamos. Pode parecer uma diferença sutil, mas não é. É absolutamente essencial. Porque, afinal de contas, nós fazemos nossos amigos e inimigos, mas foi Deus quem fez nosso vizinho. E é ali, com nosso vizinho, com quem está do nosso lado a cada momento, a cada instante, que Jesus deve estar presente e fazer a diferença.

Está todo mundo careca de saber que o lugar predileto de Jesus era entre os fracos, pobres, cansados, pequeninos. Ele declara ousadamente que é entre esses que nós deveríamos estar, como tão bem observou aquela andarilha das mercês.

Mas nós queremos mesmo é a glória.


Publicado originalmente no blog A TRILHA.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

A cultura de dentro

O pior mal é o que vem disfarçado de cordeiro.


O problema cultural da igreja não está em descobrir formas de interagir com a cultura “de fora”, mas em descobrir formas de eliminar a “cultura de dentro”. Toda missão de uma igreja é transcultural se você percebe que a própria igreja desenvolveu e mantém-se profundamente embebida em uma cultura própria, alienada, desconectada do mundo ao redor.

O cristão moderno tem músicas, revistas, programas de televisão e rádio, grifes de roupa, livrarias, eventos, feiras, restaurantes, shows de música, dança e teatro voltados para entretenimento próprio.

Na nossa realidade cristã, o auge do discipulado acontece quando conseguimos transformar um crente novo em alguém tão esquisito e alienado quanto nós mesmos. Quando conseguimos por fim isolar completamente o novo convertido do mundo “de fora” e aprisioná-lo, junto conosco, naquilo que Caio Fábio chamou de “triângulo da morte”, que resume nossa existência nesse mundo ao ciclo “casa-trabalho-igreja”.

Nos esforçamos para fazer com que os eventos da igreja tenham uma cara mais palatável para os “de fora”. Acreditamos que “interagir com a cultura” é tocar as músicas do louvor em um novo ritmo, mudar a liturgia aqui e ali, fazer retoques na estrutura eclesiástica arcaica, criar um novo evento e extinguir um antigo. Mas não temos coragem e disposição suficiente para darmos liberdade para que aqueles que foram libertos pelo Evangelho possam vivê-lo livremente nos ambientes de onde eles vieram e influenciar esses ambientes, e os amigos que estão lá, com a graça que os alcançou e libertou. Nosso grande pavor é perder a alma do infeliz se o deixarmos sair dos muros de segurança da subcultura cristã. Nosso esforço só é recompensado, quando o novo crente demonstra de forma clara os novos padrões de comportamento estético adquiridos.

É espantoso ver que pessoas com anos de igreja ainda se perguntam se podem jogar baralho, ouvir essa ou aquela música, ver esse ou aquele filme, tratar-se com homeopatia ou pegar na mão do namorado.

De nada adianta disfarçar-nos com manifestações culturais “externas”, se ainda permanecemos cativos da cultura interna. Precisamos perder o medo e conduzir o povo pra fora dos nossos muros e mostrar que tem pasto verde do lado de fora. A cultura popular pode nos alimentar a alma. Beleza e espiritualidade estão conectadas e um filme ou música “secular” pode nos levar a um momento da mais pura adoração. E técnicas orientais de meditação podem nos fazer mais sensíveis à voz do Espírito Santo, na medida em que nos ensinam a afastar-nos da maluquice do ritmo de vida pós-moderno.

Evidentemente tudo isso pode também nos fazer mal. Mas a submersão na cultura evangélica alienada é um mal terrível que vem, em pele de cordeiro, nos comendo pelas beiradas, e nós não o distinguimos direito.


Publicado originalmente no blog A TRILHA.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Ressuscita-me



[revisto e atualizado]

Mayakovsky, autor do poema musicado por Caetano Veloso e interpretado no vídeo acima por Gal Costa, foi um poeta visionário. Sofria com a fome, a miséria e a injustiça na Rússia no início do século XX. Combateu as mazelas de seu país com palavras, pensamentos e atitudes. Queria ressurgir para transformá-lo, mas viu-se pequeno e incapaz diante da grandeza do sofrimento humano e, em 1930, aos 37 anos, suicidou-se frustrado com a impossibilidade da ressurreição e da transformação.

Vinte séculos antes, no entanto, um desconhecido judeu reacionário em um canto obscuro do poderoso império romano, havia elevado aos céus grito semelhante. O assombroso, nesse caso, é que ele foi atendido. O espetacular, em relação a toda humanidade, é que quando aquele clamor foi atendido, a resposta estendeu-se a todos. Diante de Cristo, ressurreição e transformação são reais.

“... estávamos mortos em nossos delitos e pecados... mas Deus nos ressuscitou com Cristo” (Ef 2:1-6).

O absurdo do cristianismo histórico, especialmente a versão reformada, é entender a ressurreição como um fim, como o objetivo da jornada do cristão. Se ressuscitamos, se já desfrutamos da eternidade, há de haver um motivo, um objetivo, uma razão maior que desfrutar do ‘céu’. Malayovski queria ressurgir para lutar contra as misérias do cotidiano, para encerrar os amores servis, para que ninguém mais tivesse de sacrificar-se por uma casa ou um buraco. Paulo queria algo semelhante:

“... para mostrar a graça... para fazermos boas obras” (Ef 2:7-10)

Jesus, como Paulo intuiu com precisão, veio anunciar a chegada de um Reino! “O Reino dos céus está próximo” – ao alcance das nossas mãos. Ele já está entre nós e nós somos responsáveis por sinalizar isso! Os evangelhos estão repletos de referências a um Reino entre nós, a respeito do qual somos responsáveis e que deveria ser nossa prioridade (Mt 6.33 - Mt 18.4 - Mt 25 - Mt 21.28-31, 43 - Mt5).

Com cristãos, temos que abandonar a visão escapista de “ir para o céu”, ou a visão acomodada de um Deus intervencionista que virá colocar tudo em ordem por nós. Temos que abraçar as visões proféticas e revolucionárias de artistas e poetas como Malayovsky.

Fazer discípulos é fazer pessoas que, assim como Jesus, ajam em favor do Reino. Já pensou? Pessoas imitando Jesus e levando outras pessoas a o imitarem*. Essa é a função do Evangelho do Reino, da nova vida em Cristo. Esse é o motivo do nosso clamor:

Ressuscita-me!

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O Amor
Letra: Mayakovsky
Música Caetano Veloso

Talvez, quem sabe, um dia
Por uma alameda do zoológico
Ela também chegará
Ela que também amava os animais
Entrará sorridente assim como está
Na foto sobre a mesa
Ela é tão bonita
Ela é tão bonita que na certa
eles a ressuscitarão
O século 30 vencerá
O coração destroçado já
Pelas mesquinharias
Agora vamos alcançar
Tudo que não podemos amar na vida
Com o estrelar das noites inumeráveis
Ressuscita-me
Ainda que mais não seja
Porque sou poeta e ansiava o futuro
Ressuscita-me
Lutando contra as misérias do cotidiano
Ressuscita-me por isso
Ressuscita-me
Quero acabar de viver o que me cabe
Minha vida
Para que não mais exista amores servis
Ressuscita-me
Para que ninguém mais tenha
De sacrificar-se por uma casa ou um buraco
Ressuscita-me
Para que a partir de hoje
A partir de hoje
A família se transforme
E o pai
Seja, pelo menos, o universo
E a mãe
Seja, no mínimo, a terra
A terra, a terra

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* É sempre bom lembrar, para o leitor desatento, que devemos fazer discípulos de Cristo e não nossos, como nos induzem a crer as hierarquias de ‘autoridade espiritual’.

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Ventilado a partir do sopro original de Gladir Cabral.


Publicado originalmente no blog A TRILHA.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Fórum Cristianismo Criativo


II Fórum Nacional de Cristianismo Criativo
De 7 a 28 de novembro de 2008, das 19h às 21h30, no Auditório da Livraria Cultura do Shopping Market Place em São Paulo.

O tema da segunda edição do Fórum Nacional de Cristianismo Criativo será: “Viciados em Mediocridade?”, baseado no livro homônimo do escritor Frank Schaeffer, que já figurou na lista de best-sellers do jornal New York Times.

Promovido pela W4 Editora e pelo Portal Cristianismo Criativo, o Fórum Nacional de Cristianismo Criativo tem como objetivo discutir as relações entre artes, cultura e cristianismo, procurando identificar razões que levam a produção artística cristã a ser considerada utilitária e irrelevante dentro da matriz cultural brasileira, permitindo a formulação de caminhos possíveis para uma maior interação entre os cristãos artistas e a sua comunidade.

Cada uma das quatro noites trará um pocket show e uma entrevista, seguida por um momento de debate entre os convidados e o público presente, além de internautas de todo mundo, que poderão acompanhar o evento ao vivo, via internet.

O II Fórum Nacional de Cristianismo Criativo conta com o apoio cultural e institucional das seguintes organizações: ABUB – Aliança Bíblica Universitária do Brasil, Livraria Cultura, MPC – Mocidade Para Cristo, Pavazine, Souto Crescimento de Marcas e zOnA da REfOrmA. O fórum faz parte da programação do PNLL – Plano Nacional do Livro e Leitura do Ministério da Cultura do Governo Federal.

Veja a programação e mais detalhes no site da W4
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quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Quarto Mundo

Uma homenagem musical ao nosso sofrido planeta.

Abrimos com a fabulosa ‘Quarto Mundo’ de Egberto Gismontti. Depois vem Xangai em ‘Matança’, sua louvação às árvores e Vital Farias na terrível ‘Saga Amazônica’. Para encerrar com chave de ouro, o mestre Elomar entoando o ‘Canto de um guerreiro Mongoió’.

Especialmente selecionadas para se ouvir na rede, tomando um tererê.








Publicado originalmente no blog A TRILHA.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

The Beatles e o evangelho do reino



Quando o movimento hippie despontou, os cristão ficaram de cabelo em pé. Apavoraram-se diante daqueles ideais. Trancaram-se dentro de suas igrejas, com as costas viradas para o mundo, olhos fechados, clamando por misericórdia. Agarraram suas crianças e protejeram-nas no mal. Temerosos e inseguros diante da loucura que se formava, fecharam os olhos para um fiapo de beleza que aparecia no centro do turbilhão. E, naturalmente, como fazem até hoje, mantiveram suas próprias loucuras isentas de julgamento.

Alheias à essa retração medrosa, pedras levantaram seu clamor. Do âmago das almas enebriadas por sexo livre e drogas, erguia-se um clamor semelhante ao de Paulo, que anunciava o início de um novo mundo onde não havia grego, nem judeu, circuncisão, nem incircuncisão, bárbaro, cita, servo ou livre. Uma fraternidade de homens.

Imagine que não exista nenhum país
Não é difícil de fazer
Nada porque matar ou porque morrer
Nenhuma religião também
Imagine todas as pessoas
Vivendo a vida em paz...

Imagine nenhuma propriedade
Eu me pergunto se você consegue
Nenhuma necessidade de ganância ou fome
Uma fraternidade de homens

Imagine todas as pessoas
Compartilhando o mundo todo.

Imagine - John Lennon
[tradução livre]

Aquela juventude transviada tinha um ideal. Muito pior do que isso, estava disposta a viver seu ideal. Criam nele a ponto de tentar torná-lo real. É claro que os meios são tão questionáveis quanto os resultados, mas o ideal era decididamente valioso e absurdamente semelhante ao Reino de Deus - paz e amor.

Em contraste com eles, nós, cristãos, nos encontramos hoje completamente inertes. Como Raul Seixas, permanecemos "parados, com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar".

Estou certo de que você já constatou que todos os anos seu celular, seu computador, os jogos que você utiliza - e tudo o mais - mudam: as funções multiplicam-se, as telas aumentam, colorem-se, as conexões da internet melhoram, etc. (...) Quem pode acreditar seriamente que vamos ser mais livres e mais felizes porque no ano que vem o peso de nosso aparelho de MP3 vai diminuir pela metade, ou sua memória duplicar? Conforme o desejo de Nietzsche, os ídolos morreram: de fato, nenhum ideal inspira mais o curso do mundo, só existe a necessidade absoluta do movimento pelo movimento. Rafael Campoy - citado em algum lugar que não encontrei mais...
Somos como ratos na gaiola. Nosso ideal de vida é correr naquela rodinha. Fazê-la girar e girar. Um celular novo, mais memória ram, carro novo, bicicleta nova.

O Evangelho, no entanto, é a proposta de um ideal pelo qual viver! A proposta de um Reino que já começou. "É chegado o Reino de Deus". “Venha a nós o Teu Reino”, orou aquele homem que jamais sonhou que um dia se tornaria um mero um adjetivo religioso.

O cristão, porém, jamais chegou a mover uma palha pelo ideal de Lennon, tão pouco pelo de Cristo. Está preocupado é com o ‘espiritual’. Suas preocupações e ênfases, seu relacionamento interesseiro com Deus, está quase sempre baseada numa devoção alienada. A única coisa não espiritual que envolve a devoção evangélica é o culto a Mamom. No mais, tudo gira em torno das almas e das sensações. É uma fé ectoplásmica.

Carecemos de uma reviravolta. Chega de gospel [sic]. Chega de louvor comercial. Precisamos cantar Beatles. Clamar pelo evangelho de Lennon, que sabia mais do Reino de Deus que nossos 'levitas' [sic].


Publicado originalmente no blog A TRILHA.